Pesquisar este blog

domingo, 27 de março de 2011

"Princesa Aërinah, herdeira do trono real"
As palavras do criado ainda ressoavam na imponente sala do trono. As luzes que lá entravam por meio dos vitrais coloriam as pedras do chão e das paredes. Várias bandeiras com brasões dos nobres do reino pendiam de forma grotesca e um tanto desorganizada. Do fundo da sala o rei Erich, sentado em seu trono feito de carvalho, encarou sua filha com uma expressão bem familiar para ambos. Algo não o agradava - isso era óbvio - mas o que exatamente seria, Aërinah só poderia suspeitar. O soberano era um homem nem muito alto nem muito baixo com cabelos e barbas ondulados cor de cinza e pele muito branca. Seus olhos castanhos escuros, já um tanto cansados, cobriam de ternura a filha. As curvas de seu rosto, assim como as da moça, eram suaves, o que contrastava com seus músculos nada prejudicados com a idade. Suas mãos fortes repousavam com simetria assustadora em seus joelhos cobertos com uma calça verde escura.
- Minha querida princesa, imagino que saibas o porquê dessa nossa conversa. Sabes perfeitamente que a paz ameaça abandonar-nos já que o exército do reino de Braia está se preparando para atacar. Temo que nosso castelo não seja suficientemente seguro para proteger-te. Bem ao sul encontra-se um convento que poderá abrigar-te nesses tempos difíceis. Partirás dentro de sete dias e serás escoltada por três de meus melhores soldados. Prímula e Ana também irão para fazer-te companhia. Assim que derrotarmos o inimigos poderás voltar. Rezo para que entendas que não te mando para longe por querer afastar-me mas por desejar mantê-la viva. Com a Graça de Deus venceremos esta guerra e poderás voltar para nossa corte.
Aërinah fitava o pai sem poder acreditar no que ouvia. Ficaria trancafiada. Ela que sempre prezara a liberdade apesar de nunca te-la experimentado em sua totalidade... Não poderia suportar viver enclausurada em uma cela umida e fria dedicando sua vida a Deus. Um Deus no qual não acreditava. Precisava sair daquele salão. Precisava sair. Sua respiração, sempre tão calma, estava ofegante e as lágrimas ardiam seus olhos lutando para sair enquanto sua conciencia a impedia de chorar. A princesa inspirou todo o ar que pode e, ao expirar, fechou os olhos. Ao abri-los, encarou o pai com uma expressão vazia. Pediu para se retirar de forma educada e delicada depois de dizer que faria exatamente o que lhe mandasse seu pai e senhor. Uma nota de sarcasmo pareceu brincar em seus lábios quando saiu com uma elegante reverência.

Nenhum comentário:

Postar um comentário