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sábado, 18 de dezembro de 2010

Baile de Máscaras

 Era um baile de máscaras. O espetáculo era encantador com notas de grotesca insanidade e requintes de voluptuoso horror. Gargalhadas doentias se faziam ouvir por entre as muitas vozes no salão. Não havia música. O vinho cintilava nas grandes canecas de latão que passavam de boca em boca. A corte dividia o salão com ratos que subiam nas mesas, roíam os vestidos das damas e se alimentavam de homens e mulheres que já não se aguentavam de pé. Lady Aërinah sentia um misto de medo e encanto com tudo aquilo. Assistia a cena sem entrar totalmente nela. E então ela viu. Dentre os muitos convidados, lá estava ele. O Cavaleiro Negro, ainda de armadura completa, cavalgava por entre as pessoas. Seus gritos de guerra sobrepunham-se a todo o barulho da festa. Ela procurou seus olhos por um tempo até que, enfim, os encontrou. Mais uma vez aquela sensação entorpecente tomou conta de seu corpo. Mais uma vez os olhos a enfeitiçaram. E ela sentiu um desejo enorme de conhecer todos os mistérios por trás daquela armadura negra. Quem seria aquele cavaleiro que invadira sua vida de forma tão sutil? Na tentativa de se livrar do feitiço, Aërinah fechou os olhos. Porém, quando os abriu, não mais viu seu Cavaleiro Negro ou o baile e sim seu quarto que já era iluminado pelas luzes da alvorada.
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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Olhos

E enfim escureceu. A lua crescente lutava para lançar seus poucos raios de luz por entre a neblina espessa. Uma brisa fria bailava por entre as árvores carregando alguns sons do torneio que ocorrera durante o dia: os gritos dos cavaleiros, o ranger das armaduras, o tilintar das espadas em combate... 
Em seus aposentos, Lady Aërinah despia-se para dormir. Será que veria novamente aqueles olhos tão encantadores? Aqueles olhos... Não saberia dizer ao certo de que cor eram, nem se os achara bonitos. Sentia-se enfeitiçada. Misteriosos e cativantes, brilhavam pelo visor do elmo do Cavaleiro Negro que participara do torneio. Ah! Se ao menos soubesse o nome dele... Já com sua camisola, caminhou até uma das grandes janelas em estilo gótico e olhou para o céu. Por que a lua a fascinava tanto? Quedou-se hipnotizada por algum tempo. Então uma rajada de vento particularmente fria a fez recuar. Dirigiu-se para a cama em busca de calor, apagou a vela que ainda mantinha acesa e, depois de mais alguns minutos de divagação, vencida pelo sono, adormeceu.
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